Viúva relata medo e clarão em enterro de pastor que esperava ressuscitar

Caso do pastor que afirmou que iria ressuscitar ainda está dando o que falar

Ana Maria Oliveira Rodrigues, de 56 anos, disse que não ficou com a fé abalada após o marido, o pastor Huber Carlos Rodrigues, morrer e não ressuscitar, como ele acreditava que aconteceria. Em carta escrita em 2008, o líder religioso afirmou que voltaria três dias após sua morte – como a Bíblia relata sobre a história de Jesus Cristo. No entanto, ainda que os fiéis tenham esperado o retorno em Goiatuba (GO), cerca de 180 km de Goiânia, o enterro foi realizado na madrugada de ontem.

“Deus sabe o que faz, a minha fé não ficou abalada, muito pelo contrário, foi avivada. Eu estou com a minha  consciência tranquila de que atendi a um pedido do meu marido, que tanto bem fez para esta comunidade”, disse a viúva, em entrevista ao jornal O Globo.

Antes de morrer, Huber escreveu em documento assinado por duas testemunhas: “Ficarei morto por três dias, sendo que no 3º dia, às 23h30, eu ressuscitarei. Meu corpo durante estes três dias não terá mau cheiro e nem se decomporá”. Segundo Ana Maria, que aguardou três dias, assim como pedia o documento do marido, na hora em que finalmente ocorreu o sepultamento, ela diz ter visto um “clarão” ao lado de outros fiéis, além de uma chuva que veio logo em seguida – o que chamou sua atenção. “Não me importo com as brincadeiras, eu entendo. Mas muita gente que estava do lado de fora da capela viu um clarão no céu na hora em que o Huber tinha pedido para ser feito o sepultamento. Ele foi muito claro quanto ao horário. Ele tinha muito medo de ser enterrado vivo”, afirmou ela, ao jornal. A viúva ainda conta que, apesar dos três dias à espera do retorno do marido, ela não viu o corpo entrar em decomposição.

“Na hora, você pensa: ‘Deus, não vai acontecer?’. Não foi fácil para mim, fiz tudo com toda a minha alma e minha fé. De fato, eu sou testemunha de que ele não exalava qualquer mau cheiro. A pele dele era íntegra, mesmo sem ter passado pelos procedimentos de conservação do corpo. Isso nunca aconteceria, numa situação normal, com uma pessoa que estivesse morta há tanto tempo, porque o odor seria muito forte”, disse Ana Maria. A viúva ainda conta que foi diariamente à capela para ver o corpo de Huber. Apesar de seguir as instruções do marido, a medida de esperar o seu retorno resultou em problemas com o município, que notificou a funerária, através da Vigilância Sanitária Municipal para realizar o enterro.

“Fui todos os dias à capela vê-lo, estava intacto. Acho que só Deus sabe os motivos de as coisas terem acontecido desse jeito. As pessoas que não são tão espirituais não acreditam, eu entendo a reação”, adicionou. Filha de pai lavrador em Joviânia, também interior do Goiás, Ana Maria tinha 30 anos quando conheceu Huber, que tinha 23. Eles viviam “um para o outro e para o ministério”, como afirmou ao jornal. Os dois não tinham filhos. O casal foi diagnosticado com covid-19 na mesma época. Enquanto Ana Maria se recuperou em casa, Huber acabou sendo internado um dia após os primeiros sintomas e, em seguida, foi intubado. “Mas ele começou a melhorar e melhorar. Pela graça de Deus porque ele ficou muito grave, a ponto de fazer hemodiálise, dia sim, dia não. Os médicos falavam que ele estava se recuperando, retiraram do tubo e só o deixaram na UTI para ter um suporte de oxigênio”, conta Ana Maria.

A viúva ainda diz que sempre mandava notícias do marido para a família e que todos aguardavam a alta. “Passamos a nos ver pela câmera do celular porque, devido à pandemia, ninguém pode entrar no hospital. Na quinta-feira (21), foi a última vez que nos vimos. Eu estava no nosso ministério e outros missionários também viram como ele estava pela câmera do celular. No sábado, entretanto, houve uma piora e ele partiu após ter uma parada cardiorrespiratória.”